O movimento estudantil da Universidade de Brasília passou nos últimos anos por momentos decisivos que construíram a conjuntura do momento pelo qual passamos hoje. É importante termos consciência das fases que a UnB passou e do desafio que temos neste momento decisivo da universidade.
A gestão paratodos do DCE de 2007 ficou conhecida como a gestão de portas fechadas por ter passado boa parte da gestão sem realizar nem uma atividade e sem sequer abrir o DCE devido a uma confusão entre o que se deveria considerar deveres da entidade representativa dos estudantes da UNB e os interesses dos partidos políticos que compunham a gestão.
A dupla DS / UJS tiveram uma postura muito pouco crítica com relação ao projeto de reforma universitária que fixaria os pilares dos próximos anos da universidade – o REUNI. Nesse ponto a questão partidária também esteve fortemente presente, visto que o projeto da UnB representava um dos mais visíveis planos do governo federal para o ensino superior e o grupo do DCE era das juventudes de partidos governistas. Um projeto construído sem um diálogo mínimo com os estudantes, com vários pontos controversos para o movimento estudantil, mas que contou com o apoio do DCE, que a esse ponto já se encontrava muito distante dos estudantes da universidade. Assim ficou conhecido o REUNI, pela falta de diálogo com a comunidade universitária e pela falta de autonomia do DCE.
Nas eleições seguintes esse foi o ponto central do debate, o REUNI, estando implícitas a luta pela autonomia e pelo diálogo com os estudantes. A chapa encabeçada pelo PSTU e PSOL com o coletivo instinto coletivo carregou a bandeira da oposição ao REUNI e a comunidade universitária acreditou nas promessas de autonomia e diálogo, venceram as eleições para o DCE.
Durante as férias, no início de 2008, surgiram na grande mídia seguidas denúncias envolvendo o reitor da UnB em casos de corrupção. O caso que se espalhava por todas publicações jornalísticas não contava com nenhuma manifestação dos estudantes da UnB, passando a imagem de apatia geral. Durante todo esse período, e até hoje, a última mensagem do site “informava” a vitória da chapa nas eleições, sem nenhuma menção ao caso da reitoria. As mobilizações durante as férias e no início das aulas não chegavam aos estudantes, numa clara falha na comunicação.
Após uma assembléia geral de estudantes, deflagrou-se a ocupação da reitoria da UnB. O movimento que contou com o fortalecimento de diversas novas lideranças independentes foi um sucesso. Buscávamos não apenas a saída de um gestor corrupto, mas a mudança estrutural das relações de poder dentro da universidade. Apesar da tentativa do DCE de cooptar o movimento contra pautas que não estavam estabelecidas pelos estudantes (como o REUNI, governo lula, etc etc etc), a articulação entre os estudantes da UnB garantiu o fortalecimento das verdadeiras pautas de reivindicação, a mobilização de mais e mais estudantes e o sucesso do movimento.
Após todos os acontecimentos da ocupação a atuação do Movimento Estudantil da UnB novamente foi de extrema importância pois deveria ser escolhido o reitor temporário e as regras das eleições seguintes para reitor, quando reivindicamos a paridade nas eleições, e apesar de não termos conseguido avançamos ainda mais nas conquistas dos estudantes.
Foi criada uma comissão para rediscutir e reformular o projeto da UnB para o REUNI, uma das pautas da ocupação. Nesse espaço não houve participação do DCE. O que queriam não era a participação dos estudantes na formulação do projeto? Por que não fizeram valer a participação da entidade? O DCE agiu novamente movido por interesses partidários, sem críticas consistentes, foram radicalmente contra o projeto, sem qualquer tentativa de participação. Mas felizmente a atuação de outros estudantes garantiu que os estudantes pelo menos participassem da formulação desse projeto que poderá assim trazer bons frutos para a UnB nos próximos anos.
Ao final do ano passado a universidade passou pelas eleições para reitor. A participação dos estudantes foi decisiva para que vencesse o candidato que seguisse o clima de mudança da universidade, contra o ambiente retrógrado de parte da universidade que buscava fazer voltar velhas e viciadas práticas para a reitoria.
Depois desse longo e conturbado percurso nos vemos em meio a uma comunidade universitária apática e desiludida. E nos perguntamos onde estará toda a esperança que esteve presente naqueles dias de ocupação. A esperança de que a mudança virá para o bem, fruto da luta dos estudantes.
As próximas eleições definirão quem representará os estudantes nesse processo tão importante pelo qual a Universidade de Brasília hoje passa. Qual deve ser o papel do DCE nesse processo? Que atitude deve tomar?
Falam mau de todo mundo e no final só fazem perguntas..
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